Se alguém tem culpa o cartório na influência das músicas europeias no movimento trad em Portugal sou eu; mas as coisas foram feitas como foram feitas porque simplesmente não havia alternativa, já que em 1996 não havia um único grupo português a fazer música para dança. Mas para que as coisas fiquem claras, deixo-vos com um texto escrito em 1997, a propósito dos Bailia:
"Desde sempre, num tempo em que a história se perde na memória dos povos, a dança tem constituído um meio privilegiado de expressão cultural, estabelecendo as diferenças e semelhanças entre povos, países e regiões: em Cabo Verde e no Brasil; em Portugal e no Québec; na Catalunha e no País Basco; no País de Gales, na Irlanda e na vizinha Galiza; em França e na Bretanha; na Gasconha e na Polónia……; podemos encontrar , entre todas estas culturas, pontes que as aproximam através da dança (Mazurcas, Quadrilhas,….) e da música (Concertina, Violino,….) mas que em cada local adquirem uma cor diferente, enriquecendo o nosso património universal comum.
Este processo cultural, contínuo e ininterrupto desde o seu início, corre agora o risco de se perder na sequência do crescente triunfo da lógica individualista das sociedades modernas. Em Portugal, os espaços naturais da dança e da convivialidade popular - os terreiros das aldeias, no final de mais um àrduo dia de trabalho, as grandes romarias de Verão ... - foram perdendo gradualmente o seu lugar em favor da música Pimba, do Big Show Sic e da ida ao Hipermercado do bairro ou da cidade mais próxima. A harmonia antes assim celebrada, através da dança e da música, entre o Homem e a Natureza, acompanhando os ciclos das estações do ano, do trabalho, da alegria, da vida, perde-se agora cada vez mais nos meandros da mentalidade urbano-depressiva. Com tudo isto perde-se também o sentimento profundo de pertença a um todo, em que quem toca e quem dança se junta para formar um colectivo que é muito mais que a mera soma das partes.
Quem participou já de algum modo nestes movimentos contracorrente (que fazem desta filosofia a sua bandeira), seja em França, na Irlanda, em Espanha ou em qualquer outra parte do mundo, guardou certamente na pele o sabor inesquecível de viver uma experiência única de festa e partilha. É essa experiência que queremos que todas as pessoas que participem numa festa dos Bailia tenham a oportunidade de viver. Talvez assim, devagarinho, as danças voltem às ruas, e a cultura saia da sua redoma de vidro, forçosamente com estilhaços e muitos gritos, mas - também por isso - decididamente viva e reinventada, quebrando as engrenagens monolíticas do pensamento único (que virá a seguir à moeda única…).
PAULO PEREIRA "
Também indispensável é este texto de Miguel Cardina sobre a razão histórica da tal vergonha que existe dem tocar coisas portuguesas. As danças já estão resgatadas; agora temos é que pegar no touro pelos cornos e reinventar o folc Português. E ainda, um texto documental sobre a música e a dança.

Blogue do grupo de música trad-folk-rock Uxu Kalhus. Malhão, Viras, Corridinhos, círculos, mazurcas, chotiças, e muito mais, com a pureza acústica e a potência eléctrica. Harmonias arrojadas e arranjos endiabrados são a imagem de marca do grupo. Influências Afro-Jazz-Rock-Ska juntam-se ao tradicional para um resultado explosivo. NOVO CD 13 FEV :: NEW CD OUT FEB 13 2012
quinta-feira, março 22, 2007
quarta-feira, março 21, 2007
UXU XUKALHA ÉVORA » 24 DE MARÇO
o 24 (tocamos quase sempre a 24 e ... ainda bem :-)
Desta vez é o regresso a Évora para tocar num palco grande
no Jardim Público da Cidade.
24 de MARÇO lá para as 23h30 » Entrada Gratuita.
Até Já!
segunda-feira, março 19, 2007
A propósito
Pegando na provocação do Tiago (http://www.modularvideo.blogspot.com/), fica desde já feito o desafio à PX; no próximo Andanças, deveria haver uma cota minima de danças portuguesas no repertório dos grupos Portugueses convidados. Estou a falar muito a sério. Pelo menos de 25%. Chama-se discriminação positiva, e começa a ser necessária. A ver se o Andanças deixa de parecer uma feira de produtos de exportação franceses em terras de Viriato. A revolução na música (tradicional) tem que ser feita cá dentro, não se pode importar o produto irlandês ou francês já pronto a consumir. Ainda por cima os franceses e irlandeses serão sempre melhores que nós a fazer as suas músicas.
sexta-feira, março 16, 2007
Uxu no Kilombo
Sábado 17, pelas tantas da noite (mais lá para a madrugada), no Kilombo, junto à freguesia de Benfica. Fica feito o convite. Que o espírito do grande salmão os faça galgar as trevas e trazê-los até nós, para muita música, bastante animação e um pézinho de dança...
domingo, março 11, 2007
sexta-feira, março 09, 2007
sexta-feira, março 02, 2007
Vídeo Clip d'Uxu Kalhus
Últimas, últimas! não, não venho falar da OPA falhada da Sonae sobre a PT, mas de uma coisa muito mais importante.
Aqui vai: o Tiago levanta um pouco o véu e dá-nos 8 segundos do vídeo-clip da Xukalhada (que estará pronto para a semana). Vá lá, podem dar uma espreitadela por baixo do pano. Mas apenas 8 segundos!
Aqui vai: o Tiago levanta um pouco o véu e dá-nos 8 segundos do vídeo-clip da Xukalhada (que estará pronto para a semana). Vá lá, podem dar uma espreitadela por baixo do pano. Mas apenas 8 segundos!
Viva a música Popular
O Tiago Pereira, artesão do Vídeo e afins, lançou um desafio muito interessante: o de centralizar todos os vídeos de recolhas de músicas e danças populares que estiverem espalhadas por prateleiras bolorentas e discos rígidos por esse Portugal fora; para isso, "está criado um mail www.popularportuguesa@gmail.com, aliado a ao you tube channel popularportuguesa, os dois com a password adufes. Isto é só o principio mas acho que com o tempo dará para perceber a continuação natural; por favor passem palavra e enviem videos para este channel. As recolhas portuguesas no you tube", como ele próprio diz. Mais tarde (mas mais cedo do que julgam), todas esta informação estará disponível num site perto de si, para ver, ouvir, sacar músicas, apreciar, desfrutar, etc. etc. etc.
Vá lá pessoal, toca a tirar os mini-DV's da gaveta e vamos lá constituir uma memória colectiva da MPP. Vão ver que não custa...
Vá lá pessoal, toca a tirar os mini-DV's da gaveta e vamos lá constituir uma memória colectiva da MPP. Vão ver que não custa...
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