quarta-feira, junho 27, 2007

Criatividade, energia e identidade cultural

*Crónica escrita para o Canto nómada

Aqui há uns anos, era eu um jovem, juntei-me a alguns amigos e começámos juntos o Andanças. O festival que começou com duas centenas de pessoas, era a realização de uma utopia de cultura participativa, mais do que um festival de dança. As primeiras equipas que organizaram o Andanças eram pessoas que pouco ou nada tinham a ver com a dança, pelo que essa filosofia era intuitivamente assumida por todos; a alegria e energia que nos movia a todos era a de um grupo de amigos que faz algo em conjunto de positivo, de optimista e com a intenção de mudar algumas mentalidades. A dança foi o pretexto, o meio para atingir outro fim. A finalidade era realizar um evento cultural onde cada um participava activamente, não se limitando a ser o espectador passivo da cultura dos nossos dias. Relativamente à música e à dança também havia objectivos: queríamos começar em Portugal uma revolução que aconteceu em França, Inglaterra, Irlanda, Itália e Espanha há dezenas de anos e que reinventou a música tradicional (ou se quiserem de raiz tradicional) e lhe deu outra vida. Lá como cá, a dança estava cristalizada nos grupos de folclore e a música estava na memória de muito poucos ou esquecida nas prateleiras bolorentas dos museus de etnografia. Esta revolução “revivalista” como lhe chamam os franceses, passou essencialmente pela recuperação das danças e dos instrumentos tradicionais e pela reinterpretação dos velhos temas tradicionais e composição de novos temas, muitos deles para danças que já existiam.

Pela inexistência em Portugal de grupos que fizessem baile fora do universo do Folclore ou da música Pimba, no primeiro Andanças vieram dois grupos, um de França e outro da Catalunha; trazer grupos estrangeiros para o Andanças foi num primeiro momento obrigatório pela inexistência de alternativa em Portugal, e numa segunda fase, muito importante para deixar o bichinho da música: não se pode convencer as pessoas a tocar um instrumento por decreto. Só pela retransmissão natural deste gosto é que a coisa funcioana, e neste caso ter muitos músicos, mesmo que estrangeiros, a tocar em todo o lado e a qualquer momento contribui para deixar a semente da música pelas nossas paragens. Mais tarde, com o Encontro de tocadores (agora chama-se Tocar de ouvido), este propósito ganhou os contornos desejados desde o o início do Andanças, e a revolução começou a dar passos firmes na direcção certa. Agora, o objectivo tinha passado de despertar o gosto pela música para estar centrado nos instrumentos portugueses. Enquanto que instrumentos como a concertina ou a viola braguesa continuavam a ser tocados por muitos, outros instrumentos como a viola campaniça ou a flauta de tamborileiro estavam em declínio assentuado, e foi a partir do encontro de tocadores que esta situação se inverteu; eu sou uma “vítima” desta dinâmica, e comecei a tocar flauta de tamborileiro e travesso depois destes eventos. Adiante.

Ao longo dos anos começou a haver grupos Portugueses, mas poucos fizeram o que seria de esperar: pegar no que é nosso e subverter a coisa de fio a pavio. É que na prática, o que hoje conhecemos como música irlandesa, francesa ou bretã é na sua esmagadora maioria música de autor, e seria de esperar que em Portugal, depois de se perceber a lógica da coisa, os músicos fizessem o mesmo; a nosso favor temos músicas que no seu estado puro são de uma beleza incomparável (do que ouvi, o mesmo não se passava com a música francesa, catalã ou irlandesa, em que as recolhas são muito duras de ouvir). Contra nós temos meio século de maturação das músicas e danças dos outros países, pelo que é muito mais fácil replicar o que já está feito, seja um Gigue irlandês ou uma Bourrée francesa. Difícil é pegar num “Verde Gaio” e dar-lhe a volta, compor uma “Chula” e fazer com que a dança funcione ou reinventar os “Viras”. Mas o prazer que dá tocar e dançar o que é nosso é indescritível. Eu, que sei muito mais músicas e danças Francesas que Portuguesas sou disso testemunha.

Não quero agora começar uma cruzada contra o Trad estrangeiro, perseguindo, combatendo e aniquilando os infieis; mas a verdade é que mais de dez anos depois do Andanças ter começado, a revolução está coxa: os grupos Portugueses juntos, agrupando os alinhamentos todos de cada grupo, devem tocar na totalidade 15% de música e danças Portuguesas, o que é francamente pouco. E claro, esta situação não mudará por decreto; por isso, eu pessoalmente radicalizo a minha postura: toda a energia que dedico à música é 100% para a música Portuguesa, porque é nesse domínio que sinto estar a partir pedra, a inovar a tradição, e o prazer que tenho ao fazer isto é para mim uma descoberta inesperada, com sensações surpreendentes: meia hora de “toques à desgarrada” com as velhas de Caçarelhos (Trás os Montes) equivalem a trinta horas de “jam” nos festivais da Europa. Essa é que é essa. Como se a nossa música fizesse vibrar em mim a corda da identidade cultural; é uma sensação estranha, quase mística, mas de uma força e paixão avassaladora. E é essa paixão que eu sei que posso transmitir aos outros, com alguma radicalidade (afinal trata-se de música de raiz), muita energia, algum optimismo e a imensa alegria de celebrar a cada nota um património que em definitiva já não está morto. Apesar de tudo, a revolução está em marcha, a música e dança “pós-tradicional” já está na rua.

terça-feira, junho 26, 2007

Uxukalhus na BEIRATV e no MULTIPISTAS.BLOGSPOT:COM


Aquando do nosso baile em Proença-a-Nova, Jorge Costa, conductor do programa MULTIPISTAS - MÚSICAS DO MUNDO, difundido sábados, entre as 17 e as 18 horas, na Rádio Urbana (Castelo Branco - 97.5 FM; Fundão, Covilhã e Guarda - 100.8 FM), fez-nos uma entrevista que resultou numa Reportagem video, reportagem audio, fotografias, e tudo mais. Basta clicar!
O bónus é a versão integral da Saia da Carolina!

segunda-feira, junho 25, 2007

MED: UXU em LOULÉ 29.Jun.2007


Já na próxima sexta-feira, 29 de Junho, os Uxu vão estar em Loulé.
Concerto/Baile com oficina de danças à mistura [Rita Duarte]
Aceitem o convite dos Uxu e da Rita para um Pézinho de Dança no
Palco do Castelo
às 20h45 [sem falta:-] » uma boa maneira de ganhar apetite para a Janta :-)
Até Já!

programa do festival aqui!

terça-feira, junho 05, 2007

UXU EM PROENÇA-A-NOVA | 12 DE JUNHO | 22H


Não há 2 sem 3!
Depois de Faro e Abrantes, rumamos mesmo ali à Beira para tocar nas Festas do Concelho de Proença-a-Nova - Semana do Município.
Dia 12 de Junho às 22h.
Programa completo aqui.
Até já!
PS: Parece que há tasquinhas e insufláveis (não confundir com tasquinhas insufláveis)

10 DE JUNHO » UXU EM ABRANTES @ PRAÇA BARÃO DA BATALHA . 21H30

Lá estaremos!
10 de Junho, 21h30 na Praça Barão da Batalha.
Programa completo aqui!
Até já!

segunda-feira, junho 04, 2007

UXU MARAFADOS EM FARO . 9 JUNHO @ ASS. DE MÚSICOS



Já no próximo Sábado, dia 9 de Junho, estamos de volta ao
Algarve para "marafar" a Associação de Músicos de Faro em
baile saltitante!
Consultem o programa das festas em cima.
Parceria ARCA / TRAD BALLS
Até já!