Em 1990 surgiu no Porto um festival que se intitulava "Festival Intercéltico do Porto", seguindo o modelo criado nos anos 60, nos países anglo-saxónicos, de festivais de música "folk" (rotulados de "célticos" por se centrarem sobretudo na música da Irlanda, Escócia, País de Gales ou mesmo a Bretanha Francesa, partindo da crença de que estas regiões foram povoadas por povos célticos). Na vizinha Espanha, em plena década de 1970, os vários nacionalismos periféricos, sedentos de afirmar uma identidade própria, ajudaram a cimentar a moda dos "festivais intercélticos", que se tornou cada vez mais visível e sobretudo - rentável, sem grandes preocupações com o rigor histórico da "celticidade" de facto das músicas ou grupos intervenientes - o que por outro lado, tem trazido uma diversidade musical bem-vinda.
Em Portugal nos últimos dois anos, para além dos festivais "veteranos" do Porto ou de Sendim, deu-se uma verdadeira explosão de "festivais intercélticos" - o que parece estranho num país onde a música tradicional tem uma fatia de mercado minúscula, de um mercado musical já de si pequeno. Os agentes culturais parecem ter descoberto tardiamente um rótulo que aparenta vender, mas que já saturou o mercado em muito pouco tempo, com uma oferta musical (constituída sobretudo por grupos de orientação "etno/folk/trad" ) que não é muito diversa, tem pouca novidade nos estilos musicais e não parece querer arriscar em apostar em nomes desconhecidos ou estilos musicais mais sofisticados.
O rótulo "celta" parece ser a nova receita para vender o que são apenas festivais de música "folk", tomando partido de um público que distingue mal o que é música "celta", "folk", "do mundo" ou tradicional, que consome sem grande critério.
Num mercado tão pequeno, adivinha-se que a saturação de várias propostas tão idênticas vá deixar para trás muitos competidores, que cometem o erro de explorar um nicho de mercado onde já existe muita oferta, sem trazerem qualquer vantagem competitiva ou deslocarem a sua actividade para outras ofertas musicais - de que o público beneficiaria.
A "bolha intercéltica" tem dado a ilusão de ser um novo filão, que todos perseguem - até quando?
Fonte: Gaitadefoles.net
A "bolha intercéltica" tem dado a ilusão de ser um novo filão, que todos perseguem - até quando?
Fonte: Gaitadefoles.net
Nós reafirmamos a nossa costela visigótico-mourisca. E mai nada. É verdade, agora somos Etno/folk/rock/jazz, atraídos para o lado negro da força musical (que toda a gente sabe que é o Jazz) pelo terrível Dart Eddy. Em breve poderão assistir a essa lenta mas irrevogável transformação num Mercado perto de si (o da Ribeira), lá para o meio de Outubro (por exemplo a 14), se o MC Kim assim o desejar. Que a força esteja convosco, porque ela já está no meio de nós...